ARTHE
Sobre
ARTHE – Arquivar o Teatro é um projeto de investigação acolhido pelo Centro de Estudos de Teatro (CET) e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) com a duração de três anos (2022-2024). Tem sido desenvolvido por uma equipa de investigadores e bolseiros e conta com parceiros e consultores, a quem cabe acompanhar e avaliar o desenrolar dos trabalhos. ARTHE – Arquivar o Teatro é o primeiro projeto de investigação a realizar uma aproximação aos arquivos das companhias de teatro em Portugal para identificar existências, lacunas e modalidades de arquivamento praticadas pelas companhias e instituições, com vista a construir um mapa nacional e a combater o desaparecimento de informação fundamental para conhecer as mudanças profundas introduzidas nas práticas de organização e criação de novas companhias e nas formas artísticas do teatro em Portugal a partir da década de 70 do século passado.
Objectivos
O projecto ARTHE – Arquivar o Teatro propõe-se identificar, mapear e estudar a situação dos arquivos do teatro em Portugal, de modo a estabelecer um plano de boas práticas envolvendo uma rede de instituições. Partindo da análise de dois importantes arquivos doados ao Centro de Estudos de Teatro/FLUL – os arquivos do Teatro da Cornucópia, companhia incontornável na renovação estética e política do teatro pós-25 de Abril, e o de Mário Barradas, principal promotor da descentralização teatral – e estendendo a metodologia de pesquisa a outros arquivos de companhias de teatro no país, ARTHE – Arquivar o Teatro procura aprofundar a análise das políticas de conservação públicas e privadas, para promover a preservação, acessibilidade e estudo dos mesmos. Tendo como ponto de partida o Teatro dito “Independente” (nome que se deu ao conjunto heterogéneo de companhias não comerciais que cresceram no pós-25 de Abril) mas não se esgotando nele, antes procurando uma cartografia alargada que lhe procure filiações, descendências e rupturas nacionais e internacionais, visa igualmente contribuir para a discussão acerca do papel do arquivo na construção da memória sobre o passado recente nas artes performativas, propondo um estudo comparativo com realidades sobretudo europeias.
Parceiros
As estruturas parceiras contribuem com as suas especificidades e saberes: as institucionais que detêm ou estudam arquivos; as companhias de teatro cujos arquivos serão objecto de descrição e estudo, representando a diversidade regional e o arco temporal que pretendemos cobrir; o grupo de consultores que possuem ou possuíram arquivos, usando-os na sua actividade e nas suas criações artísticas ou que estudam a constituição dos arquivos numa perspetiva também internacional.
Entre os parceiros institucionais do projeto ARTHE – Arquivar o Teatro estão a Biblioteca e Arquivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que conserva os acervos do Teatro da Cornucópia e do encenador Mário Barradas, pontos de partida deste projeto; o Teatro Nacional D. Maria II, que detém uma importante Biblioteca/Arquivo e possui competências técnicas para participar na construção dos instrumentos de pesquisa; o Teatro Nacional de São João, cujo Centro de Documentação e o conhecimento profundo do tecido artístico no norte do país são fundamentais para o mapeamento das companhias parceiras; o Museu Nacional do Teatro e da Dança que alberga coleções pessoais e oficiais, fundamentais para o estudo do teatro independente e da descentralização; três unidades de investigação – o Instituto de História Contemporânea-UNL, o CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia/ ISCTE – que colaboraram na definição metodológica das etapas do projecto e na discussão e disseminação dos resultados.
Consultores
Os consultores do projecto são investigadores e artistas a quem tem sido pedido aconselhamento, avaliação e participação nas várias actividades e etapas do trabalho. São eles: Heike Roms da Universidade Exeter, Hélia Marçal do University College de Londres e investigadora do IHC, Luís Trindade, Investigador do Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa / IN2PAST, Luís Castro performer e codiretor da KarnartC.P.O.A.A. estão pelo seu trabalho próximos do estudo e da prática de arquivo, Cristina Reis, pintora e designer, foi cenógrafa e figurinista no Teatro da Cornucópia.
Companhias de teatro
O projeto trabalha de perto com vinte companhias selecionadas segundo critérios discutidos em equipa, tais como a implantação no território, a data de constituição (anos 70 e 80), a longevidade, a regularidade da atividade e a existência de arquivo reconhecido e identificado como tal pela própria companhia.
O trabalho desenvolvido com estas companhias tem passado por elaborar alguns instrumentos. São eles: um questionário para descrição do arquivo, uma folha de recolha de informação contida no arquivo, alguns modelos possíveis de base de dados para descrição dos materiais documentais, um guia de práticas arquivísticas para o tratamento documental em artes performativas.